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ELEVADOR LACERDA

O Elevador Lacerda é um símbolo da cidade de dois andares chamada de Salvador, um dos mais conhecidos cartões postais da Bahia. Apesar de secular, é um conjunto moderno, que recebeu várias reformas ao longo dos anos.

Foi o primeiro elevador no mundo a servir de transporte público e o mais alto desse tipo, quando foi inaugurado, em 8 de dezembro de 1873, dia de N.S. da Conceição da Praia. A receita desse primeiro dia de funcionamento (477$800) foi doada ao Asilo dos Expostos da Santa Casa da Misericórdia.

Liga a Praça Tomé de Sousa, na Cidade Alta, à Praça Cayru, no bairro do Comércio. Possui duas torres, quatro cabines e 73,5 metros de altura. Tem capacidade total para 128 pessoas, nas quatro cabines, e a viagem dura 22 segundos. Transporta, em média, mais de 750 mil pessoas por mês, funcionando 24 horas por dia.

A origem do Elevador Lacerda

Salvador é uma só, mas comporta duas: a Cidade Baixa (a região portuária, em que está o Mercado Modelo) e a Cidade Alta (onde fica o Pelourinho, no Centro Histórico).

O nome de cada uma as descreve muito bem, já que há uma falha geológica de cerca de 60 metros entre elas, que desafia a logística do transporte na capital baiana desde a sua fundação, em 1549.

Essa característica dos terrenos da cidade exigiu que fossem encontradas alternativas de transporte de pessoas e mercadorias ladeiras acima.

O uso de ascensores em Salvador é uma tradição secular. Já no início do século 17 usava-se uma espécie de guindaste para transportar mercadorias do porto à cidade alta.

Até meados do século XIX, os sistemas de transporte mais engenhosos eram reservados a mercadorias e matéria-prima. As pessoas continuavam a depender de longas escadarias e ladeiras mal pavimentadas para se movimentar entre um nível e outro de Salvador.

As concessões públicas para transporte urbano movimentaram diversas empresas e, no final dos anos 1860, havia bondes de tração animal nas duas partes da cidade.

A necessidade de integração do transporte era cada vez maior, e foi aí que o baiano Antônio de Lacerda percebeu a oportunidade de comandar o empreendimento que se tornaria um dos marcos arquitetônicos da cidade até hoje, o Elevador Lacerda

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A história por trás do primeiro elevador urbano do mundo

O Elevador Lacerda foi idealizado pelo empresário Antonio de Lacerda , construído com a ajuda de seu irmão, o engenheiro Augusto Frederico de Lacerda e financiado por seu pai Antônio Francisco de Lacerda. Os dois irmãos, Augusto e Antônio de Lacerda estudaram engenharia no tradicional Rensselaer Polytechnic Institute, em Nova York, mas Antônio retornou ao Brasil antes de completar o curso.A construção foi iniciada em 1869, sendo um grande desafio de engenharia para a época. Foi necessário a perfuração de

dois túneis em rocha, um vertical, para abrigar a primeira torre, e outro horizontal, para dar acesso à rua. Foi inaugurado em 1873, com o nome de Elevador Hydraulico da Conceição da Praia, com apenas uma torre, popularmente chamado de Elevador do Parafuso. Usava equipamentos da companhia inglesa Hoisting Machinery.

O Elevador da Conceição foi um sucesso da engenharia, mas não deu lucro ao seu criador. Em 1896, o Elevador passou a se chamar Elevador Antônio de Lacerda, por indicação do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Em 1906, foi reformado para adotar um sistema elétrico e sua torre tornou-se mais larga, na base.

A segunda torre (a que se projeta para a frente) foi inaugurada em 7 de setembro em 1930, juntamente com uma reforma geral, em que o conjunto arquitetônico ganhou seu estilo em art déco. Era uma condição para a concessão dos serviços a uma empresa estadunidense. As duas torres são ligadas por uma plataforma de 71 m de vão, que passa alto sobre a Ladeira da Montanha, outro grande desafio de engenharia do século 19.

A estrutura do elevador

Na época da inauguração do elevador, a estrutura ficou popularmente conhecida como “Parafuso”. O apelido era referência à peça em espiral que impulsionava as duas cabines do elevador. No início, cada uma comportava cerca de 20 pessoas, que precisavam ser pesadas antes de iniciar o trajeto.

Originalmente, a obra tinha 63 metros e somente uma torre de pedra, incrustada na Ladeira da Montanha. A estrutura recebeu críticas, especialmente de estrangeiros, por utilizar relativamente pouco ferro — então símbolo da modernidade.

O elevador passou por uma série de reformas até chegar ao modelo atual. A primeira foi em 1906, quando ele começou a funcionar movido a eletricidade e teve a base alargada.

A mudança mais significativa veio em 1930. A reforma foi planejada entre 1927 e 1928 pelos arquitetos Fleming Thiesen e Adalberto Szilard e contou com a norte-americana Otis Company, responsável pelas cabines ainda hoje.

A repaginação do elevador acrescentou uma nova torre com outras duas cabines, substituiu o par anterior por modelos mais eficazes e ergueu uma ponte de aço e concreto que conecta todas as estruturas. Depois da reforma, ele alcançou 72 metros de altura.

Essa restruturação também trouxe elementos do estilo art déco ao projeto, como as pilastras e vãos finos das torres.

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O significado dele para a cidade

Em 1930, após a grande reforma do Elevador Lacerda, a Otis Company afirmou à revista Fortune que, no primeiro dia de funcionamento, ele transportou 24 mil pessoas.

O número aumentou, desde então, e hoje ele carrega cerca de 28 mil pessoas todos os dias, entre as 6h e as 22h.. As cabines fazem o trajeto em 22 segundos.

Após quase um século e meio, ele continua sendo um dos meios de transporte mais importantes para o dia a dia da cidade, além de ter se convertido em importante cartão-postal de Salvador.

A vista do alto do elevador, na Praça Tomé de Sousa, descortina toda a região portuária, mas as cabines do próprio elevador não são panorâmicas.

Em 2006, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) aprovou o tombamento da obra.

A importância do Elevador Lacerda foi registrada até em moeda. Em 2015, a obra estampou um dos lados da moeda comemorativa de Salvador, lançada pelo Banco Central

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